Um Divã Para Dois

escrito por Antonio Guerreiro

No trigésimo primeiro aniversário de casamento Kay (Meryl Streep) encontra-se diante de um paradoxo: seu marido Arnold (Tommy Lee Jones) divide apenas o mesmo espaço físico com ela, sem nenhuma intimidade. O cotidiano tornou-se algo maquinal, e diante desse quadro deprimente Kay decide que deseja um casamento intenso e amoroso, outra vez.

Kay recorre a livros de auto-ajuda para “aprender o caminho das pedras” para salvar seu casamento e através deles acaba conhecendo e entrando em contato com o terapeuta de casais Dr. Feld (Steve Carrel) cuja metodologia desagrada profundamente o turrão Arnold durante a maior parte do longa, pois as sessões incitam o casal a discutir temas essenciais, e até mesmo banais, da vida a dois, que há muito tempo estavam reprimidos.

O ponto de partida do filme são dois grandes clichês da vida contemporânea: a auto-ajuda e a terapia de casais.  Ambos são frequentemente alvo de paródias, mas neste filme a personagem Kay transmite perfeitamente a angústia vivida por muitas mulheres cujos filhos não são mais o ápice da vida conjugal, e após eles saírem de casa se perguntam o que resta para elas? Dois estranhos convivendo seguindo uma rotina estéril e pré-programada?

A terapia de casal é o elemento mobilizador do casal às reflexões: existe amor após trinta e um anos de casamento? Esse amor vale a pena a ponto de continuarmos juntos? Estou disposto a me esforçar para que essa relação perdure? Um filme que estimula a reflexão sobre a convivência conjugal aliada a uma dose generosa de humor, e uma atuação fantástica de Meryl Streep.

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