Musical O Rei Leão chega em março

escrito por Alexandra Bailon

fotografias por Rafael Koch Rossi

Como levar um sucesso do cinema Disney como O Rei Leão para o teatro? Há 15 anos, Julie Taymor, responsável pela direção, figurino e co-design de máscaras e fantoches, e o produtor e presidente da Disney Theatrical Group, Thomas Schumacher, abraçaram esse projeto que hoje é a maior bilheteria da Broadway, superando a arrecadação de produções como “O Fantasma da Ópera”.

Durante a coletiva realizada no Teatro Abril (hoje Teatro Renault), em São Paulo, em outubro, Julie Taymor e Thomas Schumacher contaram sobre os desafios de montar um espetáculo mágico e que cativasse o público sem a “fofura” do desenho da Disney. Afinal, antes de entrar em cena os desenhos e as músicas, a história original tratava da guerra entre os animais. Taymor contou que para trazer a magia dos movimentos reais dos animais para o palco, foi buscar técnicas usadas desde o início da história do teatro. Por isso, fantasias e máscaras foram criadas para permitir a face humana dos personagens nos momentos necessários e seu lado animal nas horas de luta.

Enquanto o teatro japonês usa atores vestidos de preto para manipular bonecos, Taymor e sua equipe optaram por colocar os dançarinos/atores nos animais, com figurinos coloridos e bastante inspirados em elementos africanos. Durante toda a apresentação feita à imprensa, Schumacher e Taymor deixaram clara a intenção do musical em apresentar animais bem mais reais do que os da versão cinematográfica da Disney.

A influência africana, tão destacada por Taymor, é também bastante forte nas músicas e letras adicionais criadas por Lebo M, especialmente para a versão teatral. Para a produção brasileira, com estreia prevista para março de 2013, no Teatro Abril (hoje Teatro Renault), Gilberto Gil aceitou fazer a tradução e adaptação das músicas, muito incentivado pela família que, segundo ele, gosta muito do filme da Disney. Na coletiva, Gil ainda reafirmou seu gosto por trabalhos com o fator redentor, com redemption songs (músicas de rendenção), como é o caso de “O Rei Leão”.

Gil deve acompanhar o início das audições para formação do elenco brasileiro, para ouvir outras interpretações e, de repente, ajustar um trecho ou outro em cada canção. Os veículos de comunicação presentes na coletiva tiveram a oportunidade de assistir à algumas dessas versões ao vivo, interpretadas pelos atores do elenco da Broadway. Relevando a natural dificuldade dos atores estrangeiros em cantar em português, o que gerou comentários entre os colegas presentes foi a mudança na tradução do refrão da música de abertura do filme de “o ciclo sem fim” para “o ciclo da vida”. Tanto que esse foi o tema da primeira pergunta dirigida ao Gilberto Gil.

Quando questionado sobre o por quê de novas letras para as cinco músicas do filme, apesar de já ter uma geração que cresceu cantando as traduções feitas para o filme, Gil respondeu primeiro que o tradutor sempre tem um risco de "perder a alma". Acrescentou ainda que já há diferenças entre as músicas feitas para o cinema e as versões adaptadas para o musical original e foi em cima desse material do teatro que ele trabalhou. Thomas Schumacher complementou dizendo que essa é uma pergunta comum em outros países que recebem o musical e realçou que não se reproduz o filme da Disney no palco. Schumacher também exaltou, mais de uma vez, a honra por ter a colaboração de Gilberto Gil, um artista tão aclamado e premiado, nesta versão.

Apesar do elenco ser nacional, Schumacher ressaltou que a produção e a direção são sempre as do espetáculo original, em qualquer país onde há estrutura para que eles montem o musical. O produtor e Julie Taymor ainda disseram ter boas expectativas para o elenco brasileiro, inclusive porque já há atores brasileiros fazendo uma versão do espetáculo em Londres, por exemplo.

Mesmo com todas as justificativas, alguns colegas ainda sairam desconfortáveis e comentando a falta de conexão das traduções do teatro com as do filme. Fica claro, então, que é necessário que o público que for assistir ao musical "O Rei Leão", no futuro Teatro Renault(antigo Teatro Abril), vá com a mente aberta para uma nova leitura da história de Simba e sua família.

Patrocinio:  Bradesco Seguros. Co-patrocínio: Cielo. Realização: Time for Fun. Local: Teatro Abril (futuro Teatro Renault) - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - Bela Vista. Estreia: 03/2013. Sessões: quartas, quintas e sextas, às 21h; sábados, às 16h30 e 21h; domingos, às 15h30 e 20h. Capacidade: 1.530 lugares. Censura: Livre. Menores de 12 anos: permitida a entrada (acompanhados dos pais ou responsáveis legais). Ingressos: de R$ 50,00 a R$ 280,00. Vendas: www.ticketsforfun.com.br

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