James Blunt encanta corações em São Paulo
escrito por Ana Gomes
fotografias por Rafael Koch Rossi
Imagine um lugar em que só há casais, quase-casais e casais que ainda não se sabem casais – mas o são, pra quem vê de fora. Pronto. Você já sabe como era o público que quase lotou o Credicard Hall na noite de 18 de Janeiro, sob chuva permanente, depois de enfrentar filas desde às sete de uma noite ainda clara em São Paulo.
O tempo nublado, o estacionamento lotado; tudo seria esquecido às 22h quando o ex-soldado do Exército Britânico subisse ao palco, de camiseta e calça jeans, sob gritos femininos que o acompanharam durante todo o show. Aqui vale uma observação: embora houvesse homens que, a princípio, julguei estarem lá mais por obrigação do que por gostar do moço, as mulheres foram a presença mais marcante e o tom doce de seus perfumes completou o clima romântico que James Blunt fez questão de reforçar ao longo de 90 minutos de apresentação.
Confesso que subestimei a coisa como um todo. Imaginei que James fosse mais um menino apagado que canta músicas de amor de um jeito mecânico; que tivesse uma ou duas músicas de sucesso e tudo parasse por aí. Qual não foi a minha surpresa quando, na guitarra, ele começa com “So Far Gone”, de seu novo CD (“Some Kind of Trouble”) e demonstra intimidade com instrumentos como violão e piano. Além, claro, de cantar de verdade, com vigor, simpatia e boa movimentação de palco. Bons agudos, ótimas nuances, James respeita a emoção de cada canção e, mais do que músicas românticas, a banda, com competência, trouxe rock da melhor qualidade. O palco era simples, preto com pontos de luz e a iluminação, sempre reta, trazia cores sóbrias, equilibrando o clima cor-de-rosa que imperava no local.
Um capítulo à parte: os homens, pude perceber, não estavam lá porque foram empurrados. Longe disso. Numa pegada meio folk com “Dangerous”, “Good Bye My Lover”, “So Long, Jimmy” e “SuperStar”, cantaram mais do que o refrão e, em “Same Mistake”, abraçaram suas namoradas, transformando o lugar num grande bailinho dos anos 70 (lindo, lindo). No português popular, James Blunt é fofo. O tipo do cara que ainda se declara e vê, na mulher, uma joia, sem vergonha do que isso possa parecer. Ele é do tipo que desenha coração na árvore, o que é raro em dias de “chora, me liga”.
Pra completar, a estrutura do Credicard Hall dispensa comentários. Equipe muito bem treinada, destaque para os manobristas educados e que se despedem com sorrisos. Raro. Há parcerias de sucesso para comidas e bebidas com destaque para a Budweiser, que não está pra brincadeira, ela está em todas, principalmente shows internacionais marcando presença de forma indiscutível. Vamos acompanhar.
No fim das contas, foi uma noite que juntou um artista de talento, arriscando um português simpático, boas músicas e um público devoto – e apaixonado. James Blunt é o respectivo masculino da Adele e, depois de assistir seu show, a gente só consegue pensar em uma frase para dizer a ele – You´re Beautiful, it´s true ;)