Festival de Jazz Manouche ocorre no Bourbon Street

No dia 04/11 diversos violinistas se reúnem no Bourbon Street no segundo festival de Jazz Manouche que nasceu em Piracicaba em 2012 em show dos 100 anos de Django Reinhardt e que reuniu pela primeira vez músicos de jazz manouche de diferentes grupos brasileiros.

No ano seguinte foi realizada a primeira edição do Festival de Jazz Manouche, contando com a presença de quatro diferentes grupos de jazz manouche nacionais, além de músicos convidados.

A segunda edição do Festival de Jazz Manouche dará ênfase aos violonistas ciganos do cenário manouche nacional e também contará com participação de músicos internacionais.

Todos os violonistas serão acompanhados pelo Hot Jazz Club, de Campinas, que será a banda base do Festival.

Violinistas

Bina Coquet (SP)

Nascido no Rio de Janeiro, logo se mudou para Sampa onde começou a tocar guitarra aos 10 anos de idade. Com 17 anos começou a se interessar pelo Jazz e Bossa Nova, e em 1995 foi premiado no projeto de música instrumental do SESC "Som da Demo" através do qual gravou duas músicas de sua autoria em uma coletânea com seu então "Vinicio Bina Quinteto". Já tocou e gravou com diversos artistas como Wilson das Neves, Seu Jorge, Paulo Moura, Aria Hendrix, Trio Mocotó, Alexandre Ribeiro etc.Na ponte entre NY e SP desde 2002, em 2004 lançou ao lado do pianista e organista Ehud Asherie (EUA) o CD “Bina & Ehud - Samba de Gringo” gravado entre NY e SP, muito bem recebido pela critica; em 2007 lançou “Samba de Gringo 2”, com participações das cantoras Céu e Dona Inar, juntos em um dueto, além do baterista, cantor e compositor Wilson Das Neves – com esse projeto se apresentou no Brasil, EUA e Canadá. Em 2011 criou o projeto ao qual vem se dedicando desde então, o "Batuque Manouche", em que mistura os ritmos brasileiros do Choro, Samba, Xote, Frevo e baião com o swing manouche (gypsy jazz) que ficou conhecido com legendário guitarrista cigano belga radicado em Paris, Django Reinhardt. Desse projeto ainda inédito no Brasil conta com tanto com músicas autorais como com regravações em swing manouche de "Alvorada" (Cartola), “Trem das Onze” (Adoniran Barbosa), “Sabiá” (Luiz Gonzaga), além da participação especial da clarinetista Anat Cohen.

Flávio Nunes (SP)

Violonista, guitarrista, estudou no conservatório de Tatuí, se formou em Licenciatura em música pela UEL e há quatro anos estuda a fundo a arte do jazz manouche. Interessou-se por Django Reinhardt, achando que era impossível tocar daquele jeito, mas de alguma forma percebia similaridade com o que Garoto (Aníbal Sardinha) fazia no violão tenor. O que começou como uma curiosidade sobre a técnica gypsy, tornou-se em paixão pelo estilo, e passou a estudar e pesquisar muito sobre o assunto. Com a certeza de que o jazz manouche tem influenciado muitos músicos no Brasil, e de que existe sem dúvida um parentesco com o choro e a música brasileira, Flavio Nunes tem se dedicado a pesquisar e explorar os limites entre sotaque brasileiro ou francês.

Benoit Decharneux (S. J. dos Campos)

Belga radicado no Brasil desde 1977, começou a dedilhar violão desde criança e começou a tocar guitarra em 1981 , estudou no CLAM em SP e decidiu ser guitarrista profissional quando foi convidado a ser professor desta renomada escola. Tocando em bandas de Rock seu interesse pelo Jazz aumentava e passou a tocar musica instrumental em SP e no Vale do Paraiba. O Jazz Manouche surgiu após a compra do seu violão Gitane, cópia dos violões Selmer usados pelo Django Reinhardt, e logo veio a vontade de tocar esse estilo – assim começou a parceria com o violinista Sergio Janicki . O duo virou o quarteto Hot Club do Brasil em 2008, com repertorio sendo basicamente o mesmo do Hot Club de France, buscando resgatar a sonoridade da dupla Django Reinhardt e Stéphane Grappelli. Logo outras parcerias surgiram, principalmente com o Fernando Seifarth , fundador do Hot Club de Piracicaba.

Marcelo Modesto (Campinas)

Marcelo Modesto nasceu em 1973, em Campinas, e interessou-se pela música desde os três anos de idade. Passando de um professor a outro em busca de mais informações e técnicas chegou a Sérgio Freitas através de Dinho Rangel, que o introduziu ao universo do jazz. Logo passou a fazer parte de várias bandas como guitarrista acompanhador além de estudar sozinho cerca de 8 horas por dia a partir de diversos métodos. Teve aulas com Carlos Carranca, Alexis Bittencourt, Axel Giudice e Alberto Trindade. Ingressou em 1996 na Universidade Livre de Música (ULM) como primeiro colocado no concurso, bem como no Conservatório de Tatuí, onde o contato com o mestre Paulo Hildebrand lhe abriu as portas do outside jazz. Nesse mesmo ano ganhou o Prêmio de Melhor Instrumentista do Festival de S. J. do Rio Pardo. A partir de então dedicou-se ainda mais à pesquisa técnica de novos padrões e escalas, tendo aulas com o guitarrista Tomati. Marcelo Modesto integra, além do Hot Jazz Club, várias formações que lidera como Cybertones (bluegrass e world music) e Strato Jazz (fusion). Atua também, como instrumentista, em diversos estúdios de gravação, sendo especialmente requisitado por sua sempre impressionante versatilidade e capacidade de adaptação a todos os estilos. Violonista do Hot Jazz Club desde 2001 seguindo o estilo de Django Reinhardt em releituras contemporâneas do jazz manouche, foi entusiasmadamente elogiado por Roberto Menescal como "o guitarrista de dedos-de-ouro: uma técnica impressionante, de altíssimo nível!". Marcelo Modesto lançou, em 2002, sua primeira vídeo-aula em VHS pela GeloArt, 'Arpejos para Improvisação'. Desde 2004 é guitarrista sideman da dupla Chitãozinho & Xororó, com quem já gravou vários álbuns, DVDs, e em cujos shows e turnês por todo Brasil e exterior tem participado. É também dono do estúdio e produtora Galinha de Angola.

Fernando Seifarth (Piracicaba)

Iniciou-se no violão aos 7 anos de idade, no Conservatório Musical Frutuoso Viana (SP); estudou viol o erudito por 4 anos, passando depois para o viol o popular, a guitarra elétrica e o contrabaixo. Integrou o grupo Bombom em 1983 e 1984 (sucesso com o hit “Vamos a La Playa”). Após formar-se na Faculdade de Direito, iniciou, paralelamente à sua atividade profissional, o estudo da guitarra no western swing e bluegrass, como autodidata. Sob a influência dos amigos Cidão e Monaco, passou a se interessar pelo jazz tradicional e a estudar o jazz manouche. Fundador do Hot Club de Piracicaba, grupo de intensa atividade não apenas na região como também em São Paulo e demais cidades do interior paulista, promovendo a cultura musical manouche e a integração entre os incipientes núcleos de cultivo do jazz de swing francês dos anos 30. Produziu o espetáculo em homenagem aos 100 anos de Django Reinhardt no Teatro Municipal de Piracicaba, a Noite Francesa na Escola de Música de Piracicaba, a noite de Django Reinhardt no Bourbon Street Bar de São Paulo e o 1˚ Festival de Jazz Manouche de Piracicaba. Participou da noite Django Reinhardt do Iff! Bar e integra, ainda, o Hot Jazz Club e o conjunto musical piracicabano Falando da Vida. Sendo Juiz de Direito, exerce sua carreira como músico sem nenhuma remuneração.

Richard Smith (Nashville, EUA)

Nascido em Kent, Inglaterra, em 1971, Richard Smith começou a tocar violão com 5 anos ao ouvir seu pai tocando “Down South Blues” de Chet Atkins. Com apenas 11 anos de idade, foi convidado pelo próprio Chet Atkins, eu herói e padrinho do fingerstyle, a dividir o palco com ele no Her Majesty's Theatre em Londres. Estudando não apenas o fingerstyle, mas também violão erudito, bluegrass, bebop, jazz cigano, aprendeu com os grandes mestres como Django Reinhardt, Joe Pass, Albert Lee, Doc Watson e inúmeros outros grandes virtuosos. Mudou-se para Nashville em 2000 onde lidera desde então o Hot Club de Nashville (gypsy jazz e western swing), viajando por todos EUA e Europa. Ganhador de diversos prêmios em sua carreira, tendo 10 títulos de CD, 1 DVD, Richard Smith é artista representante da célebre marca de violões Martin, que tem um modelo com sua assinatura. É também endorsee das marcas Sand Guitar e Stonebridge Guitars.

Participação especial

Traditional Jazz Band - São Paulo – SP

Django Reinhardt - o patrono do estilo manouche

Um dos maiores patriarcas da guitarra de jazz, contudo, considerado pelos maiores nomes do instrumento como seu grande patrono, foi justamente Django Reinhardt, um cigano belga radicado em Paris no começo do século XX. Inicialmente banjoista, após um terrível acidente que lhe deformou a mão esquerda privando-a do movimento de dois dedos, tornou-se, apesar disso, um virtuose do violão. Fascinado pela linguagem e improvisação do jazz americano, consagrou na Europa um estilo de jazz original a partir da musicalidade cigana, utilizando-se sobretudo de instrumentos de cordas (violino, violões ciganos e contrabaixo acústico). O grupo que celebrizou o estilo foi o Hot Club de France, quinteto que marcou o encontro do genial Django com o violinista Stéphane Grappelli numa parceria que definiria o estilo conhecido como jazz manouche. O jazz manouche se tornou um dos estilos jazzísticos tradicionais de referência em todo o mundo, havendo grupos representativos não apenas na França, mas também na Inglaterra, Espanha, Noruega, Itália, Argentina, EUA e até Japão. No Brasil, embora a influência de Stéphane Grappelli seja evidente em violinistas populares como Fafá Lemos, e Django Reinhardt seja uma referência para diversos violonistas de renome, a prática do jazz manouche é um fenômeno relativamente recente. Pioneiros há mais de dez anos nesse estilo no Brasil, o Hot Jazz Club de Campinas é o mais longevo grupo em atividade sustentando esse gênero no país. Outros grupos como o Hot Club do Brasil, Hot Club de Piracicaba, Hot Club Café, Sampa Hot Jazz, Jazz Cigano Quinteto, Mauro Albert Quarteto e Batuque Manouche têm florescido nos últimos anos pelo país espalhados em diversos estados.

A influência da cultura cigana na música brasileira

A presença da cultura cigana no Brasil é registrada oficialmente desde 1574, sendo o Maranhão o seu primeiro destino como resultado de degredo de Portugal, vindo no século seguinte também para o Recife, Bahia (gueto de Mouraria) e Rio de Janeiro (gueto de Valongo) – descendo daí para o Rio Grande do Sul e bacia do Prata. A influência da cultura cigana está presente desde os primeiros momentos de nossa música popular, sendo o lundu carregado de elementos da zarzuela cigana espanhola tanto no sapateado como na dança. A guitarra cigana ibérica deu origem também a um dos maiores símbolos da música popular brasileira, o violão. No século XIX o Rio de Janeiro (Catumbi) recebeu vários ciganos russos que trouxeram consigo o violão de sete cordas, instrumento-símbolo do choro – e os próprios Pixinguinha e João da Baiana afirmaram que na casa da Tia Ciata o ciganos cultivavam o samba com grande maestria. Desde a origem, as manifestações musicais brasileiras se desenvolveram a partir de intercâmbios entre as linguagens e estilos locais e outros estrangeiros: assim como os maxixes surgiram a partir da sincopação dos ritmos de dança europeias, também o choro se desenvolveu a partir das estruturas harmônicas das polkas e outras músicas de salão. Esses mesmos elementos harmônicos e rítmicos confluíram em diferentes continentes, aqui e na Europa, se desenvolvendo em linguagens distintas e cheias de personalidade própria que, contudo, guardaram sempre fundamentos comuns entre si. Com o advento da Bossa Nova, a linguagem harmônica do jazz se tornou ainda mais evidentemente próxima ao sotaque rítmico nacional, e toda uma geração de violonistas logo se interessou ainda mais pelas guitarras dos grandes mestres do gênero americano.

Serviço

Local: Bourbon Street - Rua Dos Chanés, 127 – Moema – SP Data : 04/11/2014 – terça-feira Horário: 21h30 Abertura da casa: 20h Duração: 90 min. Censura: 18 anos

Ingressos

Couvert Artistico: R$ 65,00 Bilheteria: Rua dos Chanés, 194 - de segunda a sexta das 9h às 20h e sábados e feriados das 14h às 20h Reservas por telefone: (11) 5095-6100 - de segunda a sexta das 10h às 18h Vendas online: www.ingressorapido.com.br Vendas por telefone: (11) 4003-1212

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