Entrevista com a banda Superdose
entrevista por Alexsandro Neves
A banda paulistana Superdose realizará o show de abertura do Stereophonics que ocorrerá logo mais as 21h30 no Citibank Hall em São Paulo. Realizamos uma entrevista por e-mail com a banda sobre as expectativas para o show de hoje a noite e seus trabalhos.
1) Nós estamos realizando a cobertura do show do Stereophonics no Brasil e vocês foram escolhidos para realizarem o show de abertura. Como surgiu esse convite? Qual foi a reação de vocês ao saberem da noticia?
Nós sempre fomos fãs do Stereophonics, já estávamos felizes pelo fato deles tocarem aqui, principalmente em um lugar como o Palace, um lugar menor, mais inimista. Tínhamos certeza que o show seria animal. O primeiro contato rolou com o pessoal que organizou a turnê do Placebo (nós abrimos os 4 shows deles aqui no Brasil), a T4F, eles chamaram a gente e nós, obviamente, piramos. A reação foi das melhores, ficamos muito felizes.
2) Como vocês definem o som que fazem?
Nunca gostamos de definir o som do Superdose, nós tocamos há algum tempo e já passamos por algumas "fases", mas posso afirmar que temos um pé no rock inglês, só que, o outro pé fica por ai, rodando a cidade, fazendo o que der na telha.
3) Vocês conhecem o trabalho dos Stereophonics? Se sim, qual música deles vocês mais gostam?
Conhecemos e gostamos muito. Gostamos mais da fase menos melosa deles, apesar de curtirmos músicas como : "Since I told is Over" e "Mr Writer", o meu (Marco) disco predileto é "You got to go there to come back", com pauladas como: "Help me" e Madame Helga". Muito difícil selecionar só uma música, vai um disco.
4) Existe alguma música de vocês que possua alguma influência/referência direta ao Stereophonics?
Não… pelo menos não consciente. Acho que depois do show os fãs do Stereophonics poderão responder essa pergunta.
5) Que tipo de reação vocês esperam que o público de Stereophonics terá ao escutá-los?
Espero que pulem, gritem, se descabelem e tenham uma das melhores noites da vida deles.
6) Vocês estão ansiosos para o show? Já possuem alguma idéia do setlist?
Estamos bem ansiosos, porém tranquilos. Será a primeira vez que iremos tocar algumas das músicas do disco que estamos gravando e queremos ver a reação do público
7) No show de lançamento de seu novo CD o cantor Ed Motta afirmou que diferentemente do que se costuma dizer, não existe espaço para todos na música e que grandes talentos acabam ficando de fora. Vocês estão na estrada desde 2001 e gravaram seu primeiro CD apenas em 2007. Por que essa demora de seis anos para lançarem seu primeiro CD e como foi a recepção do trabalho de vocês nas rádios?
Realmente demoramos, a banda passou por algumas mudanças durante esses anos e, apesar de não ter rolado nenhum trabalho nesse período, os shows nunca pararam, de 2001 até hoje, estávamos sempre palhetando, baquetando e cantando por ai. Não sei ao certo por que demoramos… Sei que o trabalho gravado ficou bem legal, bastante gente ouviu e gostou. Acho que a falta de grana fez as rádios ficarem um pouco mais apaticas. A intenção do Superdose é ser ouvido, onde quer que seja, a internet faz relaxar um pouco, perante a cena radiofónica brasileira. Podemos pensar em outras coisas antes de GASTAR a mente pensando nisso. - O Ed Motta conquistou seu "espaço" na música nacional.
8 ) Esse ano foi lançado “Cidade Luz”, como se deu processo de gravação deste novo album?
"Cidade Luz" é um EP de 5 músicas.O processo de gravação foi ótimo, gravamos uma parte na Toca do Bandido (RJ) lendário estúdio de Toma Capone e finalizamos ele aqui, na nossa cidade luz. Estamos agora gravando um novo disco que sairá em janeiro com 11 canções.
9) Vocês são uma banda paulistana. A cidade de São Paulo de alguma forma os inspira? O que mais vocês admiram em São Paulo e o que menos admiram?
Com certeza São Paulo é uma inspiração. Todas as pessoas, os prédios, os bares, a noite, as histórias… São Paulo tem tudo a qualquer hora. São Paulo, realmente, não dorme, esse não é seu slogan é a sua verdade. Nós aproveitamos a cidade até a última gota. Podemos reclamar da poluição, mas até ai, por incrível que pareça, temos um pôr-do-sol bem interessante, um certo psicodelismo poluído passa pelo nosso céu todo dia. Acho que um dos maiores problemas é a segurança, é muito chato ver pessoas que não se sentem seguras em andar na própria cidade, no próprio bairro.
10) Recentemente, na coletiva do juri da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo o critico francês Michel Ciment afirmou que “um filme brasileiro mesmo não sendo bom você pode fechar os olhos e viajar na lingua”, a cantora canadense Diana Krall afirmou em entrevista a revista Veja que o potuguês “ é a língua mais bonita que (ela) já ouvi”, e o cineasta norte-americano Darren Aronofsky em entrevista a Ana Maria Bahiana afirmou que “português é muito mais bonito que mandarim”. Apesar da beleza de nosso idioma alguns afirmam que o português não é um idioma para o rock, apesar de provas contrárias . O Superdose até 2005 possuia composições com melodias em inglês e a partir de então passou a compor em português. Por que essa mudança e o que é mais fácil: compor em português ou em inglês?
A mudança aconteceu, pois percebemos, tardiamente, tudo que disseram acima. O português é uma língua linda e muito, mas muito, musical, cada palavra, cada silaba, dança sozinha. Eu acredito que o grande entrave que as pessoas acham que existe entre o português e o rock é justamente a sua diversidade. Em inglês quase tudo rima e soa bonito, sim é mais fácil em inglês, mas depois que eu comecei a escrever em português, me senti muito estranho ao tentar algo em inglês, acho as duas línguas muito boas para fazer rock, mas eu prefiro as opções brasileiras do que as limitações americanas. Quanto aos que acham que rock em português não rola, procurem no google um cara que chamava Agenor de Miranda Araújo Neto e sua banda.
Marco Frugiuele (baixista do Superdose)
Caso queiram conhecer melhor o trabalho da banda acessem:
Site: www.superdose.com.br
MySpace: www.myspace.com/superdosebrazil
Youtube: www.youtube.com/superdosebrazil