Hermanoteu na Terra de Godah - 01/05/2012

escrito por Debora Pesso

Deus: "No início era o verbo. Simples e puro". Hermanoteu: "Eu vou, tu vais, ele vai". Deus: "Depois era o verbo, no pretérito imperfeito". Hermanoteu: "Eu ia, tu ias, ele ia". Esta é a primeira de muitas piadas que foram ouvidas. Aliás, minto. A primeira foi feita juntamente com o aviso para não fotografar com flashes.

Em uma época de valorização das super produções musicais, com suas pirotecnias, cenários majestosos, figurinos impecáveis, músicas e mais músicas, Hermanoteu na Terra de Godah se destaca justamente por ser o oposto disto tudo.

Não há cenário algum. O figurino passa a ser mais um dos muitos detalhes que nos fazem rir - o que é aquele César com uma blusa esvoaçante com uma faixa vermelha e de cuequinha preta?!?!?!  A iluminação nos transporta do deserto para uma cidade minúscula em que mal se entra e já se está fora dela.

A sonoplastia pode ser comparada às trilhas de Hitchcock. Muito bem elaborada e seu efeito sobre a plateia em determinados momentos é encantador. Ah, além disto tudo ainda está a atuação dos atores. Todos muito bem preparados cênica e fisicamente. Aqui, o que importa é a atuação, por isto não há cenários enormes e belas músicas para camuflar as interpretações.

Há piadas para todos os gostos: sobre políticos, times de futebol, religião, atualidades, gente famosa, trocadilhos, etc.  Em suma, eles tentam agradar à gregos e troianos, ou melhor, romanos e egípcios (locais pelos quais Hermanoteu passa).

Bom, é claro que nada é perfeito. O espetáculo atrasou mais de 15 minutos para começar. Isto não teria importância se os garçons não insistissem em ficar passeando durante a peça para cobrar as pessoas e levar aperitivos. Tenho a impressão que os donos de casas de show nunca foram ao teatro. Não sabem que isto atrapalha as pessoas que realmente querem assistir o que está acontecendo no palco?

Por fim, a ida para casa transforma-se em uma verdadeira saga ao tentarmos sair do estacionamento lotado e sem o mínimo de organização. Na entrada cobram direitinho e organizam tudo. Na saída, parece o estouro da boiada automobilística. Apesar dos contratempos, o que ficou foram todas as boas risadas que demos com piadas inteligentes e muito engraçadas.

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