1915: Um Retrato do Genocídio Armênio
escrito por Alexsandro Neves
fotografia por Cristiano Rolemberg
Com duração de 90 minutos, a peça 1915 retrata uma das maiores atrocidades da humanidade ocorrida contra uma minoria: a morte de mais de 1 milhão de armênios pelo exército turco em nome da religião e do dinheiro.
O texto intercala a história de quatro viúvas com a de uma típica família armênia, no ano do genocídio. As viúvas são responsáveis por narrar, em um tom quase documental, os horrores vividos pelos armênios em caravanas mortais organizadas pelo exército turco; já a história da família traz o amor proibido da filha mais velha por um soldado turco e o desespero e amargura que tal situação causa à mãe. As histórias intercalam-se até o seu ponto de encontro, porém a forma com que o texto se apresenta da metade da peça para o fim acaba gerando certa confusão do que está acontecendo, principalmente no espectador menos atento.
A cenografia é simples, mas eficiente. O principal item do cenário é uma porta que é movimentada pelos atores e que acaba também por se transformar em um dos personagens da peça. A iluminação é usada de forma extremamente acertada na criação de ambientes diferentes para cada cena e contribui bastante com a narração da história. Figurino e maquiagem cumprem seu papel de forma eficaz.
A direção foi bastante precisa e criou cenas belíssimas que contrastam com o horror registrado no texto. Entretanto, faltou extrair mais expressões e sentimentos de alguns atores. Nas interpretações, destaca-se a atuação de Debora Pesso como a mãe de família, porque ela consegue transmitir e expressar claramente o desespero de uma mãe em uma situação de conflito como essa, assim como sua amargura e raiva da filha que se apaixona por um inimigo. Outro destaque foi de Lud Moreno, que interpretou uma das viúvas e que, por alguns momentos, transporta-nos para 1915. Outras interpretações, no entanto, não conseguiram alcançar a dramaticidade das situações vividas pelas personagens, chegando até, em alguns momentos, a diminuir a beleza de algumas cenas.
A estreia atrasou 10 minutos, talvez pelo fato de os atores estarem esperando o público na escada que leva a sala. O teatro, infelizmente, trabalha apenas com dinheiro e cheque e não tem convênio com estacionamentos, mas fica bem próximo à estação Sumaré do metrô.
SERVIÇO
Local: Viga Espaço Cênico
Endereço: Rua Capote Valente, 1323 - Pinheiros - São Paulo
Estréia: 23/10/2012
Temporada: até 12/12/2012
Horários: 21h (terças e quartas)
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) - R$ 20,00 (meia)
Formas de Pagamento: dinheiro ou cheque
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia:Arthur Haroyan
Direção: Rogério Rizzardi
Elenco: Adriana Chiovato,Airyn Vishnevsky,Alice Martins,Arthur Haroyan,Débora Pesso,Isabella Raucci,Lud Moreno,Marcio Orochi,Marcio Alexandre,Sandra Soares,Zeno Silveira